As energias psíquicas e seus simbolismos em nossas crenças
Questionado recentemente sobre a mediunidade me interveio um elemento
que não havia despertado ainda em meus pensamentos íntimos e
contínuos sobre a densa ligação entre ciência e religião. Sem me
atrever a esclarecer a verdade plena e absoluta me apropriei de uma
explicação no mínimo conveniente para minha mente inquieta com a
questão.
A interpelação veio de uma maneira bem simples: Como dar-se o grau
de mediunidade nos seres humanos? Por que algumas pessoas apresentam
essa faculdade mais definida enquanto outros sequer rudimentos
demonstram? São seres escolhidos, dadivosos ou devem sofrer com essa
capacidade que lhe adverte, e pressupõe, uma dedicação, não
apenas de estudo, mas sobretudo de vivência?
Alguns religiosos responderiam que esses elementos encontram-se
marcados em um corpo espiritual que eclodem nesta vida para promover
diversas possibilidades de aprendizagem para o indivíduo, como minha
percepção para esse texto extravasa os limites religiosos e se fixa
nos processo mentais devo chegar a conclusão que somos médiuns (ou
não o somos) por desejo nosso.
Percebamos o rico ensinamento que Allan Kardec deixou para aqueles
que se apropriam da Doutrina dos Espíritos:
"De todas as formas de comunicação, a escrita
manual é a mais simples, a mais cômoda e sobretudo a mais completa.
Todos os esforços devem ser feitos para o seu desenvolvimento,
porque ela permite estabelecer relações tão permanentes e
regulares com os Espíritos, como as que mantemos entre nós. Tanto
mais devemos usá-la, quanto é por ela que os Espíritos revelam
melhora sua natureza e o grau de sua perfeição ou de sua
inferioridade. Pela facilidade com que podem exprimir-se, dão-nos a
conhecer os seus pensamentos íntimos e assim nos permitem
apreciá-los e julgá-los em seu justo valor. Além disso, para o
médium essa faculdade é a mais suscetível de se desenvolver pelo
exercício" (O Livro dos Médiuns, item 178).
E então avaliemos esses ensinamentos com uma óptica ampliada e
destinada aos processos psíquicos individuais que nos motivam ou nos
bloqueiam em nossa promoção individual.
No início do texto cita-se: “De todas as formas de comunicação”, trata-se aqui da comunicação com o mundo espiritual, com o mundo dos mortos, caso prefiram. Essa comunicação promovida pela mediunidade, e Kardec prossegue se referindo ao método psicográfico (escrita manual) como a mais simples, cômoda, mais completa e mais suscetível de se desenvolver pelo execício.
No início do texto cita-se: “De todas as formas de comunicação”, trata-se aqui da comunicação com o mundo espiritual, com o mundo dos mortos, caso prefiram. Essa comunicação promovida pela mediunidade, e Kardec prossegue se referindo ao método psicográfico (escrita manual) como a mais simples, cômoda, mais completa e mais suscetível de se desenvolver pelo execício.
“Todos os
esforços devem ser feitos para o seu desenvolvimento”.
Chegamos em um ponto crucial para a percepção deste texto. Esforços
são realizações, empenhos, atitudes, reunião de forças para uma
tarefa. É óbvio que existem médiuns que apresentam essa faculdade
desde o seu nascimento, cabendo a ele (e aos que lhe ajudam a aceitar
e compreender) o exercício desta mediunidade. Porém aqueles que
gostariam de desenvolvê-la precisam se esforçar.
Então se meu esforço psíquico
contribui no desenvolvimento da minha mediunidade e eu quero
desenvolvê-la para me relacionar com o plano espiritual, porque não
consigo? Ou se qualquer um pode ter, porque não tenho?
Para esses questionamentos poderia
elaborar inúmeras respostas, porém tentarei ser breve revelando o
que acalentou minhas dúvidas; vejamos: na segunda questão temos uma
situação onde o indivíduo tenta provar que a mediunidade é
excepcional (positivamente ou negativamente) e se aventura a comparar
a escolha do outro como uma obrigatoriedade para si, me aparece
através de uma metáfora: Se o avião caíra e todos morreram,
porque não morri? E então teremos diversas explicações para a
situação, como temos para a questão da mediunidade. Talvez os
esforços psíquicos não o encaminhem para a mediunidade, é a mesma
situação do primeiro questionamento, não é para o outro que deve
ser elaborada a questão “por que não consigo?” mas a si mesmo!
Nem sempre queremos o que desejamos
e vice-e-versa, todos passamos por um momento em que destruímos (ou
deveríamos destruir) a imagem dos pais perfeitos, do pai herói, da
mãe delicada e pura, e outros objetos importantes para o nosso
desenvolvimento. Nesse momento desejamos matar os nossos pais (ver
informações sobre o Complexo de Édipo para maior compreensão),
desejamos que ele suma, que não interfira mais em nossa vida,
entretanto não queremos realmente matá-lo, não vamos armar para acabar
com sua vida (desde que não sejamos psicóticos), não queremos que
isso aconteça.
Então dizemos quero ser médium!
Para provar que existe, ou para entrar em contato com um parente que
morreu, ou para ajudar na caridade... E em nosso íntimo não
desejamos, e convocamos mecanismos para nos defender deste processo.
Da mesmo forma o oposto, dizemos não quero ser médium! Não sei
porque isso me acontece? O que fiz contra Deus? E em nossos impulsos
mais íntimos desejamos atuar nessa seara de descobertas em convênio
com o plano espiritual.
Então a questão da mediunidade
passa pelo mesmo processo milenar do “Conhece-te a ti mesmo”. Não
é fácil encarar o nosso material inconsciente, e esse processo não
é imediatista! Mas é um rico conhecimento que nos trará
propriedade das nossas próprias emoções e sensações. Despeço-me
com uma interrogação: O que realmente desejamos? O que realmente
queremos? Nossos objetivos estão claros? Nossos pressupostos estão
nítidos? Não há conflito de interesses instalados nas mais simples
decisões, como por exemplo escolher a roupa para vestir no dia?
Caso
consigamos enxergar melhor esses nossos materiais conseguiremos viver
mais felizes, nos aceitando e trilhando sempre um crescimento
constante, absorvendo um vasto conhecimento sobre nossas próprias
reações e podendo assim viver mais tranquilos e nos aceitando, mesmo com
todos os nossos sofrimentos; se para Freud a religião é por si uma
neurose compulsiva, devemos nos apropriar da nossa religiosidade sem
passar obrigatoriamente pelos miasmas das religiões.
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