O Fardo da Profissão
Ser analista é um ser muito profundo.
É uma decisão recheada de sabores e isolamentos, de tristezas, lágrimas, compreensão da dor do outro, e de pouquíssimo reconhecimento e gratidão. Não podemos através dela sublimar qualquer desejo de sermos melhores do que ninguém, não são os nossos conceitos que devem ser respeitados no setting, quem deve brilhar e se erguer sob os holofotes da vida é o paciente. Somos como Diógenes, o Cínico, carregamos uma lanterna sob a forte luz do dia, moramos em um barril escuro e estamos constantemente a procurar um homem honesto, não um homem apenas, mas o homem honesto que mora dentro de cada um de nós, precisamos encará-lo para saber da sua omissão ou do seu exacerbado controle. Olhamos para o sofrimento psíquico do outro com olhos mais profundos, e não há como desligar esse olhar. Ele foca e desconcerta, as pessoas vão se desmontando em nossa frente e cada vez mais se tornam menos enigmáticas, não conseguem perceber a quantidade de ações que realizam sem consciência.
Então passa a ser mais difícil viver, olhar para os que lhe dizem algo e perceber que não é bem isso que sentem, que vivem ou se dizem interessadas. Parece que a vida ganha novo sentido, e quanto mais você descobre sobre o outro, mais profundo é o mergulho dentro de si mesmo, e nesse mar sombrio descobrimos que as sombras são mais intensas do que imaginávamos, que os sorrisos ingênuos, desconhecedores da força que os motivam, são mais alegres e mais felizes do que o são hoje, e parece que a vida virou uma máquina, ou um grande xadrez como diria Freud, e tudo faz sentido, mas nada parece ser sentido.
Viramos espectadores das nossas reações, tentando intervir nos conteúdos inconscientes, querendo trabalhá-los para sobreviver melhor, mas no fundo sabemos que tendemos ao equilíbrio, e nesse estado nada é tão ruim como o desespero, como também nada é tão bom quanto o riso solto e sem motivo.
Somos meio!
E então nesse meio conseguimos nos ajudar, contribuímos para o crescimento daquele que nos deposita esperança e expectativa, auxiliamos a cada paciente a ser o que deseja ser, lhe entregamos as rédeas, a conduta e o caminho da sua própria vida, e percebemos que eles também passam a carregar um pouco desse fardo, passam a analisar o seus passos e as condutas dos que estão ao seu redor, ganham um olhar mais profundo para as coisas, porque agora tudo passa a ter grande significado para se entender e se conhecer, ficam mais atentos a si e aos outros, e então essa roda vai girando e se fechando na ilustre frase de Sócrates: "só sei que nada sei".
Quanto mais olhamos para nós mesmos, mais descobrimos que nos conhecemos pouquíssimo e que nada sabemos ainda sobre esse indivíduo tão íntimo e ao mesmo tempo tão desconhecido que somos nós mesmos!
É uma decisão recheada de sabores e isolamentos, de tristezas, lágrimas, compreensão da dor do outro, e de pouquíssimo reconhecimento e gratidão. Não podemos através dela sublimar qualquer desejo de sermos melhores do que ninguém, não são os nossos conceitos que devem ser respeitados no setting, quem deve brilhar e se erguer sob os holofotes da vida é o paciente. Somos como Diógenes, o Cínico, carregamos uma lanterna sob a forte luz do dia, moramos em um barril escuro e estamos constantemente a procurar um homem honesto, não um homem apenas, mas o homem honesto que mora dentro de cada um de nós, precisamos encará-lo para saber da sua omissão ou do seu exacerbado controle. Olhamos para o sofrimento psíquico do outro com olhos mais profundos, e não há como desligar esse olhar. Ele foca e desconcerta, as pessoas vão se desmontando em nossa frente e cada vez mais se tornam menos enigmáticas, não conseguem perceber a quantidade de ações que realizam sem consciência.
Então passa a ser mais difícil viver, olhar para os que lhe dizem algo e perceber que não é bem isso que sentem, que vivem ou se dizem interessadas. Parece que a vida ganha novo sentido, e quanto mais você descobre sobre o outro, mais profundo é o mergulho dentro de si mesmo, e nesse mar sombrio descobrimos que as sombras são mais intensas do que imaginávamos, que os sorrisos ingênuos, desconhecedores da força que os motivam, são mais alegres e mais felizes do que o são hoje, e parece que a vida virou uma máquina, ou um grande xadrez como diria Freud, e tudo faz sentido, mas nada parece ser sentido.
Viramos espectadores das nossas reações, tentando intervir nos conteúdos inconscientes, querendo trabalhá-los para sobreviver melhor, mas no fundo sabemos que tendemos ao equilíbrio, e nesse estado nada é tão ruim como o desespero, como também nada é tão bom quanto o riso solto e sem motivo.
Somos meio!
E então nesse meio conseguimos nos ajudar, contribuímos para o crescimento daquele que nos deposita esperança e expectativa, auxiliamos a cada paciente a ser o que deseja ser, lhe entregamos as rédeas, a conduta e o caminho da sua própria vida, e percebemos que eles também passam a carregar um pouco desse fardo, passam a analisar o seus passos e as condutas dos que estão ao seu redor, ganham um olhar mais profundo para as coisas, porque agora tudo passa a ter grande significado para se entender e se conhecer, ficam mais atentos a si e aos outros, e então essa roda vai girando e se fechando na ilustre frase de Sócrates: "só sei que nada sei".
Quanto mais olhamos para nós mesmos, mais descobrimos que nos conhecemos pouquíssimo e que nada sabemos ainda sobre esse indivíduo tão íntimo e ao mesmo tempo tão desconhecido que somos nós mesmos!
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