As distâncias ficaram curtíssimas.
Parece que não há mais limites, que o céu está aberto para todos e quem sabe para ter o sol basta se aquecer.
As idéias são enviadas por quilômetros em pouquíssimos segundos, tudo está a mão, temos aplicativos, acessórios e uma rede mundial para atender nossas demandas.
Queremos um lanche, pedimos em poucos movimentos das pontas dos dedos, precisamos de um táxi, em 3 minutos está na sua porta depois de apertar um botão. E ele sabe sua localização exata graças a três letras: GPS.
Mas penso que outras ter letras devem fazer parte do nosso contexto e do nosso encontro conosco mesmo: SOS.
Quanto mais penso sobre as distâncias, mais percebo o quão distantes estamos de nós mesmos, parece que abrir-se para fora nos tirou a perspectiva de mergulhar para dentro, isso parece redundante, mas é real. O real é cíclico, as vezes até dói.
O que vejo nessas gerações é a ausência da realidade, nos não aprendemos a lidar com a dor, ela é inevitável, a perca de alguém querido, a decepção proporcional a expectativa que colocamos em algo ou alguém, a doença física ou a ameaça da perca. Não nos ensinaram a perder ou a ter um resultado que não foi o esperado.
O que tenho aprendido nos castelos sombrios ou ensolarados que construí dentro de mim é que posso me organizar mesmo que meu corpo esteja cansado, que posso ter paz mesmo na doença, que busco ter força mesmo na derrota e que tudo está dentro de mim. A questão é encontrá-la. Não quero fazer ninguém sofrer com minhas ações, apesar de saber que minhas reações ainda afetam as pessoas que amo. O desafio é manter-se presente para agir e evitar a retaliação àquilo que a vida me oferece.
Caso me pedissem para falar de um tema específico pelo resto da minha vida falaria das distâncias, porque estar presente é estar perto de quem você realmente é, esse eu verdadeiro que não se separa, que não fica há quilômetros de distância nem responde ao movimento rápido dos dedos. Ele não pode ser esquecido, deixado para trás, trocado ou despachado no bagageiro do avião. Ele é grande demais para ser anexado em um email e ao mesmo tempo pequeno demais para ser removido em uma cirurgia. Ele é condensado em um único ponto, mas também se ramifica por toda a corrente sangüínea.
Ele é teimoso, irritadiço, chato, pensativo, pacifico, aborrecido, amável, dócil, gentil... Ele é como você não admite ser. Ele é real e o convida para encontrá-lo todas as noites, todos os momentos, todos os segundos. Busque-o e quem sabe podemos ser felizes!
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