As correntes que guardamos do nosso passado

Ouvir pessoas e observa-las é um exercício profundo de auto-conhecimento. 

Perceber a natureza humana nós faz conhecer muito sobre nós mesmos.

Tenho percebido algo que já é preconizado pela psicanálise, muitas vezes direcionamos nossa energia psíquica para objetos diferentes, mas que simbolicamente representam o mesmo ponto em nossa mente. Isso gera uma corrente cheia de elos, e cada experiência que guardamos, aumentamos um elo. 

A beleza desse processo é que quanto mais incluirmos elos nessa corrente mais longe poderemos chegar, tendo consequentemente a liberdade, já que posso acumular infinitas experiências durante a minha vida.

Eis o perigo de ter uma vida rotineira e sem mudanças. Você não coleciona elos, logo fica preso acreditando estar liberto, eu particularmente tenho preferido imaginar que estou preso, mas caminhando para a liberdade.

Cada elo desta corrente é criado por tudo que lembramos: pessoas que ferimos e que nos feriu, problemas financeiros, insatisfação com relacionamentos, traições, ilusões, decepções... tudo isso pode se tornar um elo dessa corrente, depende do quanto estamos empenhados para moldar o aço disforme, do quanto iremos aquece-lo, e do sofrimento inevitável que ele vivenciará antes de ser diferente. 

Percebo que os seres humanos criaram diversas estratégias para evitar esse sofrimento: compulsões, técnicas, shopping, novela e muito mais... A questão é que o aço não envelhece e vai se acumulando... Para moldar uma montanha de aço exigirá muito mais esforço e aquecimento do que para moldar um elo de alguns centímetros. Saiba que você só está adiando o processo.

Quero deixar claro que sou contra o sofrimento descabido, inclusive acredito ser possível um bem sofrer. Quando passamos pelo calor intenso podemos nos lembrar do elo bonito e forte que nos transformaremos e que isso faz parte de um processo mais amplo de ganhar a liberdade mesmo com o aprisionamento. As correntes foram feitas por algum propósito, talvez um dia enxerguemos qual.

Deixo claro que essas são reflexões minhas e que me entrego a problemática de ser mau interpretado, mesmo assim quis (e continuo querendo) expor essas reflexões. Elas me foram úteis e certamente podem ser úteis a alguém.

Obrigado pela atenção dedicada!

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