O que desejo para nosso final de ano?

A arte foi a forma que o ser humano encontrou de mostrar a si mesmo que é muito mais do que imagina ser.

Enquanto nos fechamos em leituras técnicas, aprendendo o abc e suas famílias, os resultados das operações matemáticas, as consequências químicas de uma ligação covalente com o hidrogênio, buscando leituras lógicas para nosso mundo e determinados a explicar isso a outras pessoas, no meio disso tudo vamos gastando nossos neurônios com um formato de ver o mundo, e ali do outro lado do hemisfério cerebral encontramos Monet, Wagner, Van Gogh, Mozart revolucionando tudo que entendemos como lógico. Lançando um olhar para as coisas e nos mostrando como conseguem enxergar o mundo.

O ser humano lógico é sem graça, frustrado e cansativo.

A arte teve que ser inventada para que o ser humano conseguisse existir sem cometer suicídio na adolescência, onde nada é lógico e nenhuma explicação convence. Nessa fase da vida é bem melhor se fechar no quarto e ouvir Led Zeppelin, Pitty, Beatles ou Pink Floyd.

Quando atingimos a sensibilidade de contemplar a arte (contemplar e não entender! Fico sempre confuso quando as pessoas querem interpretar a obra de fulano, o que tem de errado em observar o que aquilo reflete dentro de nós?), quando entramos no estágio de investir tempo e energia em ver detalhes de um quadro pintado a óleo, ouvir os instrumentos harmônicos de uma sinfonia ou simplesmente observar a fotografia de um filme, quando atravessamos essa barreira da maturidade, estamos um pouco mais preparados para viver a vida.
Quando estamos deste outro lado diminuímos as coisas que nos incomodam, afinal para que sofrer se temos Augusto dos Anjos para ler? Ou por qual motivo ficamos muito emotivos se temos Cecília Meireles para nos ocupar?

Talvez esse seja um dos maiores processos terapêuticos, o exercício de aprender a contemplar a arte e perceber o que se move dentro de mim. E nesse mover o que eu reconheço, o que desconheço e o que fazer com essa nova descoberta.

Espero que esse final de ano seja uma obra de arte a ser contemplada em nossas vidas, e saibamos que vez ou outra é importante consultar um curador, para saber qual o melhor caminho a se percorrer na galeria.

Forte Abraço,
A.B.
Psicanalista e Hipnoterapeuta

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